
Com certeza o pensamento de Pascal é muito atual e nos
auxilia na compreensão do mundo em que vivemos. O filósofo é muito conhecido
pelo seu pensamento um tanto quanto trágico e podemos dizer até um pouco
pessimista em relação à antropologia e ao estado em que o ser humano se
encontra.
Pascal nos apresenta um estágio da existência em que o
homem vivia em um estado de graça, contemplava Deus face a face, era forte e
justo. Com o pecado original isso acaba. O homem caído é miserável e sabe que
só Deus é capaz de preencher o vazio que existe dentro dele. Mas ele busca
preencher esse vazio com coisas finitas, caindo no divertimento. O divertimento
tem como finalidade distrair o homem daquilo que ele realmente é, faz com que,
mesmo que por pouco tempo, o homem se esqueça da sua miséria e finitude.
Pascal apresenta o termo caniço pensante para definir o
homem. Somos pequenos e frágeis, mas grandes porque pensamos. Nossa dignidade e
grandeza estão no pensamento. Isso desde que ele nos leve a reconhecer nossa
miséria e pequenez. Precisamos compreender que nossa grandeza está nisso:
pensar bem. E pensar bem é ter consciência das limitações e do estado em que
nos encontramos.
Há também no homem a ação das forças enganadoras, sendo
elas: imaginação, costume e divertimento. O homem tem sua razão orientada e
domada pela imaginação. O costume cria a nossa forma de ver o mundo e os nossos
juízos, para ele todos os nossos princípios são de hábito.
Quanto ao divertimento, ele é usado pelo homem a fim de
esquecer seu estado. O divertimento não está apenas relacionado ao lazer, mas
pode ser um trabalho, uma ocupação qualquer, uma posição política, os estudos
ou ainda uma vida religiosa. Algo interessante é que ele aponta que o homem não
consegue ficar sozinho em um quarto, pois sentirá tédio e angústia, por isso,
está constantemente buscando o divertimento, que o desvia de pensar na sua
existência vazia e miserável.
O homem é um ser decaído pelo pecado original. Ele não
pode conhecer a essência de Deus, por esse motivo não se pode provar
racionalmente a existência de Deus. Pascal não é simplesmente um teólogo, ele
parte da antropologia e de uma análise das fraquezas e limitações humanas para,
assim, chegar a Deus. Pascal opera uma discussão ao nível da filosofia da
religião. A sua discussão é fundamentar a antropologia em bases teológicas.
O homem criado
por Deus contemplava a Deus. Era justo e forte. Não continuou nesse estado,
pois pecou. O pecado original exerce implicações diretas na condição humana. O
pano de fundo da antropologia pascaliana é o princípio teológico de que o homem
é um ser que decaiu de Deus.
No entanto,
como o homem não pode ter provas absolutas da existência de Deus (O próprio
pecado original criou um abismo entre Deus e o homem), ele precisa apostar
nesse ser supremo. Daí surge o tema da aposta e, assim, tema do terceiro
capítulo. O argumento da aposta não é baseado na verdade, mas na vantagem. Por
outro lado, Pascal pode ser considerado um “autor trágico,” na medida em que
observamos que não há referenciais fixos e seguros em seu pensamento, não sendo
nem a religião esse “porto seguro”. Pense sobre isso.
autor: Djonh Denys
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