domingo, 19 de fevereiro de 2012

UM POUCO SOBRE O PENSAMENTO DE BLAISE PASCAL


Muitos conhecem o pensador francês pela sua famosa frase: “O coração possui razões que a própria razão desconhece.” Na realidade o que se desconhece muito é sobre quem foi Pascal. Ele é um autor trágico e não romance. Sua frase é mal interpretada e usada por muitos apaixonados indevidamente. Devemos buscar entender porque os silêncios dos espaços infinitos apavoraram Pascal e por consequência o homem moderno. Nisso está o ponto central do lado trágico do autor.
Com certeza o pensamento de Pascal é muito atual e nos auxilia na compreensão do mundo em que vivemos. O filósofo é muito conhecido pelo seu pensamento um tanto quanto trágico e podemos dizer até um pouco pessimista em relação à antropologia e ao estado em que o ser humano se encontra.
Pascal nos apresenta um estágio da existência em que o homem vivia em um estado de graça, contemplava Deus face a face, era forte e justo. Com o pecado original isso acaba. O homem caído é miserável e sabe que só Deus é capaz de preencher o vazio que existe dentro dele. Mas ele busca preencher esse vazio com coisas finitas, caindo no divertimento. O divertimento tem como finalidade distrair o homem daquilo que ele realmente é, faz com que, mesmo que por pouco tempo, o homem se esqueça da sua miséria e finitude.
Pascal apresenta o termo caniço pensante para definir o homem. Somos pequenos e frágeis, mas grandes porque pensamos. Nossa dignidade e grandeza estão no pensamento. Isso desde que ele nos leve a reconhecer nossa miséria e pequenez. Precisamos compreender que nossa grandeza está nisso: pensar bem. E pensar bem é ter consciência das limitações e do estado em que nos encontramos.
Há também no homem a ação das forças enganadoras, sendo elas: imaginação, costume e divertimento. O homem tem sua razão orientada e domada pela imaginação. O costume cria a nossa forma de ver o mundo e os nossos juízos, para ele todos os nossos princípios são de hábito.
Quanto ao divertimento, ele é usado pelo homem a fim de esquecer seu estado. O divertimento não está apenas relacionado ao lazer, mas pode ser um trabalho, uma ocupação qualquer, uma posição política, os estudos ou ainda uma vida religiosa. Algo interessante é que ele aponta que o homem não consegue ficar sozinho em um quarto, pois sentirá tédio e angústia, por isso, está constantemente buscando o divertimento, que o desvia de pensar na sua existência vazia e miserável.

 A NECESSIDADE ANTROPOLÓGICA DA RELIGIÃO CRISTÃ EM PASCAL

O homem é um ser decaído pelo pecado original. Ele não pode conhecer a essência de Deus, por esse motivo não se pode provar racionalmente a existência de Deus. Pascal não é simplesmente um teólogo, ele parte da antropologia e de uma análise das fraquezas e limitações humanas para, assim, chegar a Deus. Pascal opera uma discussão ao nível da filosofia da religião. A sua discussão é fundamentar a antropologia em bases teológicas.
      O homem criado por Deus contemplava a Deus. Era justo e forte. Não continuou nesse estado, pois pecou. O pecado original exerce implicações diretas na condição humana. O pano de fundo da antropologia pascaliana é o princípio teológico de que o homem é um ser que decaiu de Deus.
No entanto, como o homem não pode ter provas absolutas da existência de Deus (O próprio pecado original criou um abismo entre Deus e o homem), ele precisa apostar nesse ser supremo. Daí surge o tema da aposta e, assim, tema do terceiro capítulo. O argumento da aposta não é baseado na verdade, mas na vantagem. Por outro lado, Pascal pode ser considerado um “autor trágico,” na medida em que observamos que não há referenciais fixos e seguros em seu pensamento, não sendo nem a religião esse “porto seguro”. Pense sobre isso.

                                                                                                              
                                                                                                            autor: Djonh Denys


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